sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Série A Criatura 17/28


A CRIATURA



A apostila 16 começou a nos descrever o "solo geográfico" onde transcorre a evolução da centelha divina, quando ela se encontra manifestando-se no intervalo entre o reino animal e o reino do Homem. Isto é, quando ela transita pelo reino Elemental.
Generosamente o mestre André Luiz, espírito, pelas transcrições se seus textos naquela apostila, abriu luzes sobre a questão, porém, apoiemo-nos também em Allan Kardec. No livro O Livro dos Espíritos, questões 607 e 607-a, temos:
607 - Ficou dito que a alma do homem, em suas origens, assemelha-se ao estado de infância da vida corpórea, que sua inteligência apenas desponta, e que ela ensaia para a vida. (Vide questão 190) Onde cumpre o Espírito essa primeira fase ?

- Numa série de existências que precedem o período que chamais de humanidade.
Essa resposta dada a Allan Kardec pelos Espíritos inspiradores suscita duas interpretações: Uma, de que estão se referindo a todos os seres e a todas as fases que antecedem o ciclo do homem. Desde o reino mineral até este. A outra interpretação dá a entender que, embora sem explicitarem, se referem unicamente ao degrau imediatamente anterior ao homem, que para nós é o reino Elemental. Esta segunda hipótese interpretativa é a que nos parece mais plausível, e que mais nos agrada.
Para dar apoio à nossa escolha consultemos a questão 607-a, e vejamos o que ela diz:
607a - Parece, assim, que a alma teria sido o princípio inteligente dos seres inferiores da criação ?
- Não dissemos que tudo se encadeia na Natureza e tende à unidade ? E´ nesses seres, que estais longe de conhecer inteiramente, que o princípio inteligente se elabora, se individualiza pouco a pouco.
Convenhamos que tanto a formulação da pergunta quanto a respectiva resposta são um tanto vagas. Falam, mas não explicam. Todavia, comparando os textos acima com a vasta literatura, principalmente Teosófica, citada na bibliografia, temos quase a certeza de que Kardec queria se referir à existência de um degrau evolutivo entre o animal e o homem. Porque não foi mais explícito, apesar de ter sido tão meticuloso, não sabemos.
Talvez, imaginamos, as pressões culturais e religiosas da época desencorajaram-no de ir mais a fundo, neste detalhamento. Não obstante, tal degrau tem toda a característica do que chamamos reino Elemental.
E´, portanto, ocupando atividades num reino ainda pouco compreendido pelos estudiosos, preconceituosos, que a Mônada se prepara para vir a ocupar, um dia, um lugar na escala da humanidade.
Desse reino, que chamamos de Elemental, mediante as anotações da apostila 16 e desta, destacamos cinco pontos:
1 - A preparação e adestramento evolutivo dos indivíduos situados nessa fase se dá nos planos espirituais adjacentes ao plano Físico, e neste interferindo;
2 - Psiquicamente estão situados acima dos animais, de qualquer espécie, e abaixo do selvícola humano;
3 - São simples, e afeiçoam-se a qualquer entidade espiritual que os atraia, acontecendo da mesma forma para com os encarnados;
4 - Para impulsionar o desenvolvimento desses indivíduos, eles são utilizados nos serviços da natureza, distribuídos segundo os Arquétipos de cada estágio. (vide apostila 06, folhas 1 e 2);
5 - Os reinos nos quais estagiam são: reino da terra, ou mineral; das plantas ou vegetal; dos animais; o seu próprio ou Elemental, e o reino humano.
Os destaques apontados dão, em linhas gerais, o espaço psicológico e físico onde tais indivíduos são situados. Obviamente, como ficou dito, tanto no plano Astral quanto no plano Físico.
Quanto a identificá-los, podemos dizer que eles recebem dos estudiosos nomes variados, segundo cada atividade que os ocupe dentro dos quatro elementos naturais do planeta. Isto é, no elemento terra, são os gnomos; no elemento água, são as ondinas; no elemento ar, os silfos e no elemento fogo, as salamandras.
Neste conjunto dos elementos, e funcionando como uma espécie de supervisores para todos os subgrupos citados acima, temos os duendes e as fadas. Esses são os nomes universalmente conhecidos e aceitos. Existem outros, principalmente oriundos da linguagem popular religiosa brasileira, tais como Pererê, Boi-Tatá, etc. Todavia, é apenas uma forma regionalizada de identificação das mesmas criaturas.
Há um dado interessante a se destacar. E´ a propósito dos ambientes onde os Elementais vivem, por exemplo, os gnomos, que habitam não só a face externa do planeta como também o interior de sua massa rochosa. Algum curioso que ainda não atinou com o fato poderá perguntar:
- Mas como pode ser isso, habitar o interior de um corpo rochoso ?
A resposta é simples. Os Elementais co-habitam conosco o ambiente terrestre utilizando-se unicamente de seus corpos Astrais, e estes, compostos de matéria só do plano Astral, podem, perfeitamente, transitar por qualquer ambiente e substância do plano Físico, sem que esta lhe oponha qualquer resistência. Acontece com eles igual, e da mesma forma, ao livre trânsito de que desfrutam, no ambiente físico, os demais espíritos desencarnados. Por essa razão são eles empregados na ação direta sobre toda a Natureza, já que podem interpenetra-la e aciona-la no mais íntimo de seus organismos. Daí, nesse estágio, e integrados às atividades várias conforme enumeradas, podemos entender sua estrutura psíquica como a figura 17A descreve.
O corpo Causal define que ali está um indivíduo. Embrionário, não resta dúvida, mas um indivíduo, pois começa seu viver na faixa da razão e da responsabilidade. Como são seus primeiros tempos na faixa da razão, seu pensamento ainda é fragmentário, inconstante e saltitante, comparativamente ao procedimento de uma criança em relação ao adulto. O adulto objetiva e segue uma linha de raciocínio, já a criança, a todo momento, muda a direção dos interesses, não sentindo por isso nenhum constrangimento ao deixar incompleto alguma coisa que antes fazia.
No Elemental, o que caracteriza essa inconstância é a forma ainda indefinida de seu corpo Mental, já que este é que faculta a existência do pensamento contínuo. Nesse estágio seu corpo Mental é apenas uma quase sombra. Não possui nenhuma consistência.
Todavia, como a figura mostra, seu corpo Astral, neste mesmo tempo, possui contorno definidos, o que permite à Mônada expressar-se com relativa liberdade naquele plano. E´ ele, o corpo Astral, que dá condições aos Elementais de participarem de atividades várias, principalmente as ligadas aos fenômenos transformativos que operam na Natureza.
Porém, como já se disse antes, não agem por contra própria. São agentes que colaboram com a feitura dos fenômenos, mas estes ficam inteiramente sob o controle local de um dirigente, que por sua vez está sob a orientação de um Deva Regional.
Vejam isso na figura 17B. Há um Deva local para cada categoria de elemento natural a ser ativado. Um para o elemento terra, etc. Os Elementais sob a tutela de dirigentes locais atuam sobre os elementos terra, água, ar e fogo. Todos eles, os Devas locais e os Elementais, estão sob a regência de um Deva que, naquela região, administra os acontecimentos gerais. E´ o Deva Regional.
Dois esclarecimentos se fazem necessários.
Na figura representamos um Deva Local para uma figura de um elemental. Isso não quer dizer que o sistema funcione com um Deva Local para um só Elemental. Não. E´ um Deva Local para um número variado de Elementais em ações semelhantes.
O outro esclarecimento é que embora atuando nas tarefas mais rudimentares da Natureza, são contudo, indispensavelmente úteis ao conjunto da vida. Sobre isso já citamos informações prestadas por Allan Kardec e Helena Petrovna Blavatsky na apostila 08. Além daquelas referências, relataremos outras na próxima apostila.

Bibliografia
Autor Título Editora

Allan Kardec - O Livro dos Espíritos - 1º Livro caps. 2, 3 e 4 - 2º Livro cap. 1 - Livraria Allan Kardec Editora
Allan Kardec - A Gênese - páginas 111, 117, 118/140 19ª edição - Federação Espírita Brasileira
André Luiz/Francisco C. Xavier - No Mundo Maior - Federação Espírita Brasileira
André Luiz/Francisco C. Xavier - Evolução em Dois mundos - Federação Espírita Brasileira
André Luiz/Francisco C. Xavier - Libertação - página 60 - Federação Espírita Brasileira
Annie Besant - A Vida do Homem em Três Mundos - página 62 - Editora Pensamento
Arthur E. Powell - O Corpo Causal e o Ego - Editora Pensamento
Áureo/Hernani T. Santana - Universo e Vida - páginas 59 e 110 - Federação Espírita Brasileira
Charles W. Leadbeater - O Plano Astral - Editora Pensamento
Charles W. Leadbeater - Compêndio de Teosofia - páginas 13 e 19 - Editora Pensamento
Charles W. Leadbeater - A Mônada - Editora Pensamento
Edgar Armond - Mediunidade - página 14 - Editora Aliança
Elza Baker - Cartas de um Morto Vivo - páginas 37, 85, 86, 93 - Livraria Allan Kardec Editora
Emmanuel/Francisco C. Xavier - A Caminho da Luz - Federação Espírita Brasileira
E. Norman Pearson - O Espaço, o Tempo e o Eu - páginas 71 e 72 - Edição Particular
Helena Petrovna Blavatsky - A Doutrina Secreta - Volume I págs: 105-118-145-146-177-260-266-268-306-308 - Editora Pensamento
Helena Petrovna Blavatsky - A Doutrina Secreta - volume II - páginas 56 e 198 - Editora Pensamento
Helena Petrovna Blavatsky - A Doutrina Secreta - Volume V - páginas 69 e 90 - Editora Pensamento
Itzhak Bentov - Á Espreita do Pêndulo Cósmico - Editora Cultrix/Pensamento
J. B. Roustaing - Os Quatro Evangelhos - Federação Espírita Brasileira
Pietro Ubaldi - A Grande Síntese - Livraria Allan Kardec Editora
Ramatis/Hercílio Maes - Mensagens do Astral - Livraria Freitas Bastos
Zulma Reyo - Alquimia Interior - páginas 254, 255, 312 e 313 - Editora Ground

Apostila escrita por
LUIZ ANTONIO BRASIL
Julho de 1996
Revisão Setembro de 2005